Terremoto Desportivo: Espanha Lidera Movimento para Banir Israel de Competições Internacionais, Seguindo Exemplo Russo



Pilar Alegría, ministra espanhola de Educação, Formação Profissional e Desporto, concedeu, esta quarta-feira, uma extensa entrevista ao programa 'El Larguero', emitido pela rádio espanhola Cadena SER, na qual assumiu estar a torcer para que a Volta a Espanha em bicicleta seja cumprida na totalidade, apesar dos constrangimentos provocados por manifestações pró-Palestina.


"Espero que termine. Essa decisão não diz respeito ao governo, mas sim aos organizadores. Tomámos conhecimento de que se encurtou a etapa de Valladolid. Como governo, vamos zelar pela segurança e integridade dos desportistas, mas também pelo direito dos cidadãos em transmitir a dor e a vergonha daquilo que se está a passar em Gaza", começou por afirmar.

"É importante que se possa celebrar. A decisão de não a terminar não seria uma boa notícia. Aquilo que estamos a ver com estas manifestações, na minha opinião, é uma questão de lógica. A sociedade não fica equidistante face àquilo que se está a passar. Aqueles que se manifestam de forma pacífica são o sentimento da cidadania", acrescentou.

A responsável política defendeu, ainda, que Israel deve ser banido de todas as modalidades, face à guerra na Faixa de Gaza, na Palestina: "Desde 2022 que nenhum clube russo pode participar, a não ser que o façam sem bandeira nem hino. Os Jogos Olímpicos realizaram-se, e bem, mas os organismos tomaram uma decisão rápida com os russos. A pergunta é 'Deve acontecer o mesmo com Israel?'. A minha resposta é clara. Sim, deveria acontecer com as equipas israelitas o mesmo que aconteceu com os russos".

"É difícil explicar que haja um duplo critério. Existindo um massacre, um genocídio... Eu apoiaria que as federações e comités tomassem a mesma decisão que tomaram com a Rússia (...). Deveria ser como se fez com a Rússia. Isto não vai terminar com a Vuelta. Depois de pouco tempo, começará a Euroliga, e os russos não irão participar, mas o Maccabi sim. Eu apoiaria que se tomasse a mesma decisão que se tomou com a Rússia. O desporto não pode estar alheio", rematou.

Como "peões num grande jogo de xadrez"

A Volta a Espanha tem sido marcada por uma série de manifestações pró-Palestina, que já levaram, inclusive, a Israel-Premier Tech a retirar o nome do país dos equipamentos, "com o objetivo de priorizar a segurança dos ciclistas e de todo o pelotão", conforme anunciou a própria equipa, em forma de equipa.

"O nome da equipa continua a ser Israel–Premier Tech, mas o equipamento com o monograma está agora alinhado com as decisões de branding que adotámos anteriormente para os nossos veículos e vestuário casual", explicou o conjunto detido pelo bilionário israelo-canadiano Sylvan Adams.

Até ao momento, recorde-se, foram já vários os constrangimentos provocados por estas manobras de protesto. No passado dia 3 de setembro, a 11.ª etapa chegou mesmo a ter de ser cancelada, por motivos de segurança, visto que vários ativistas se concentraram na zona da meta, empunhando bandeiras palestinianas, ao ponto de quase fazerem as barreiras de proteção ceder.

Na quarta-feira, os próprios ciclistas ameaçaram neutralizar a 17.ª etapa, dizendo sentir-se como "peões num grande jogo de xadrez", conforme assumiu o australiano Jack Haig, da Bahrain-Victorius: "Decidimos que, se houver um incidente, vamos tentar neutralizar a corrida e vai ficar assim, porque terminar uma corrida numa linha de meta indefinida não é justo".

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