O luto pela perda de uma pessoa próxima nunca é fácil, mas no futebol, pela sua exigência, este tem de ser acelerado. A morte de Jorge Costa ainda é recente, mas não há tempo para 'sarar feridas', com um jogo de estreia na I Liga, já esta segunda-feira. Ainda assim, não seria um 'escândalo' caso os jogadores do FC Porto não estivessem nas condições perfeitas a nível mental para abordar o jogo a 100%.
Isto pode levar a que o próprio treinador Francesco Farioli tenha de alterar o planeamento para o encontro da 1.ª jornada do campeonato e as suas escolhas pensadas para o onze inicial mediante a condição dos atletas.
Em declarações exclusivas, Jorge Amaral deu o seu parecer acerca do fator mental dos jogadores do plantel azul e branco após a morte de Jorge Costa.
"Por norma os grupos de trabalho ficam sempre afetados com estas situações, embora dependa muito de jogador para jogador, mas o normal é que os grupos de trabalho se unam nestes momentos de dor para que fiquem mais fortes. São situações más e de certeza que vão lutar ainda mais o legado de quem partiu", comçou por dizer o comentador desportivo.
"Num grupo de trabalho nem todos são iguais. Uns sentem muito mais e outros até são capazes de se desprender. Naturalmente é um momento difícil, mas por norma as equipas costumam-se unir e tentam ultrapassar esses momentos sem que fiquem marcas visíveis. Sabemos que ainda há uns dias para recuperar e penso que, quando o árbitro apitar, os jogadores vão fazer de tudo para dedicar a vitória a Jorge Costa", confessou.
Quando questionado sobre o panorama mental do plantel do FC Porto, Jorge Amaral não considera que Francesco Farioli vá ter mais dificuldades em fazer a equipa inicial para o encontro desta segunda-feira nem terá de fazer alterações aos seus planos para o jogo frente ao Vitória SC.
"Acho que o treinador está lá e acompanha o processo dos jogadores e as suas reações e estado mental. No entanto, não estou a ver que o Farioli vá mudar muito o onze por este motivo. Não vejo isso a acontecer. Agora isso não quer dizer que ele não possa verificar que haja algum jogador que esteja realmente mais perturbado ou quase incapacitado", continuou.
"Acho que a união entre os jogadores e a capacidade de liderança de Farioli irá permitir que todos ultrapassem este momento. Não acredito que existam grandes mudanças. Não me lembro de alguém deixar de jogar por isto, pelo que acredito que a equipa vai manter-se conforme planeado pelo treinador", atirou Jorge Amaral.
O antigo guarda-redes do FC Porto não desarmou sobre a possibilidade de esta perda importante no clube acabar por servir de motivação para a equipa de futebol querer ainda mais voltar a conquistar um título e dedicar à memória de Jorge Costa.
"Normalmente, estes momentos são usados como uma 'estratégia' para ser uma força acrescida para o plantel. Para além de ser o primeiro jogo do campeonato, que já é sempre diferente por ser a estreia, sendo em casa, perante o público do Dragão, este jogo irá ter uma carga emocional muito grande", analisou.
"Por isso tudo, os treinadores usam essas situações para unir ainda mais e, juntamente com o público, vai tentar ajudar a que os jogadores consigam ultrapassar este momento terrível que abalou o FC Porto", rematou.
De recordar que a campanha dos azuis e brancos na I Liga tem início esta segunda-feira, dia 11 de agosto, frente ao Vitória SC, em pleno Estádio do Dragão, que prestará a sua sentida homenagem a Jorge Costa. O apito inicial de António Nobre tem hora marcada para as 20h45 e poderá acompanhar o jogo, em direto.
Jorge Costa morreu após paragem cardiorrespiratória
AIgreja Paroquial do Cristo Rei, no Porto recebeu, ao final da manhã desta quinta-feira, o último 'adeus' a Jorge Costa, uma das maiores figuras da história do FC Porto, que morreu, na passada terça-feira, aos 53 anos de idade, vítima de uma paragem cardiorrespiratória.
Atuais e antigos jogadores dos dragões, personalidades do futebol português, família, amigos e público em geral fizeram questão de se despedirem do 'Bicho', numa cerimónia recheada de emoção, em que houve lugar para lágrimas, mas também aplausos, em honra do legado desportivo (e não só) que deixou.
O presidente do emblema azul e branco, André Villas-Boas, acompanhou, do início ao fim, o percurso que a urna do seu diretor de futebol até ao cemitério de Agramonte, onde, num evento privado, conheceu a 'última morada'.